De quase todo São Roque do Paraguaçu se avista uma obra monumental. O estaleiro Enseada Paraguaçu, que chegou em 2012 ao pequeno lugarejo que pertence ao município de Maragojipe, do Recôncavo baiano, simbolizava a pujança e a esperança dos últimos anos.
Marcava a era do trabalho, emprego e renda. No auge da sua construção, com oito mil pessoas trabalhando, o pescador tinha facilmente a quem vender. Os donos de empreendimentos só precisavam acompanhar o crescimento do lugar.
Mas quem anda por São Roque hoje vê quase uma cidade-fantasma. Os ecos das milhares de pessoas que caminhavam pelas ruas ainda estão ao redor, mas quase não se vê gente. As obras pararam em 2015, na maré das crises política e econômica do país. Agora vislumbra-se apenas um distorcido reflexo da outrora vibrante comunidade.
Conduzidos por Messias, o nosso guia local, navegamos com Ducha, um pescador nativo, pelas águas do Rio Paraguaçu. Sentamos para ouvir as memórias de dona Edith, uma das mais antigas moradoras do distrito, e a história de Sueli, a dona do bar. Vimos ainda os investimentos perdidos: a pousada inacabada, mas que não abala a fé do gerente Rodrigo, e a falência do grandioso Clube Palmeiras, fruto das aventuras do empreendedor João.
Para além das imagens, repletas de vazio, as palavras reverberam a vida. Entre fotografias e depoimentos em vídeo que se complementam, o documentário Maré Vazante, transformado em reportagem fotográfica, mostra um lugar à deriva. “A cidade que já teve”, como sentencia dona Edith. Com informações do Recôncavo Online.
Veja vídeo: