Sabe aquele hábito tão corriqueiro que temos de coçar os olhos? Pois bem, essa mania que parece inofensiva além de ser um perigo para infecções pode agravar uma deformidade da córnea conhecida como ceratocone, acelerando também o grau daqueles que têm astigmatismo ou miopia. Em alguns casos mais graves da doença, é preciso recorrer inclusive ao transplante de córnea. “O olho é formado por fibras e quando a gente coça muito é como se estivéssemos esticando essas fibras, causando o afinamento da córnea. O ceratocone já é uma alteração na córnea que faz com que a pessoa desenvolva astigmatismo ou miopia. E com esse hábito, a tendência é aumentar ainda mais o grau do paciente que tem algum desses problemas na visão”, explica a oftalmologista Roberta Ventura, especialista em córnea, cirurgia refrativa e catarata.
Entre os principais sintomas do ceratocone estão visão borrada, imagens duplas, deformação de luzes e fotofobia. “Em alguns casos, o grau fica tão irregular que o óculos não resolve. A medida que a doença evolui, passamos a tentar as lentes de contato. Quando é mais grave, a córnea fica tão pontuda que a lente pula do olho e é preciso passar para as cirurgias. Em alguns casos, a doença pode evoluir tanto que será necessário um um transplante de córnea”, pontua a especialista. Os procedimentos mais conhecidos são o crosslinking – técnica que consiste no enrijecimento de fibras do colágeno corneano, protegendo as membranas e evitando a progressão da doença – e o anel de ferrara, órtese que visa regularizar a superfície corneana com formato irregular, característico do ceratocone. O diagnóstico da doença é feito através de exames oftalmológicos feitos na consulta rotineira com especialista e exames de imagem (paquimetria e a tomografia da córnea). Vale ressaltar que a doença tem um fator hereditário muito forte.
“É importante saber que coçar os olhos agrava a deformidade da córnea, mas o ceratocone também tem uma carga genética muito grande. Por isso, uma vez diagnosticada a doença, o ideal é que os familiares do paciente também sejam avaliados. Quanto mais cedo descobrimos a doença, mais cedo conseguimos acompanhar o paciente no intuito de evitar a progressão do problema”, alerta. Claro que, para quem tem esse costume, é difícil evitar a mania. Algumas medidas simples, no entanto, podem ser adotadas no cotidiano. “Quando a pessoa coça os olhos, quebra as membranas de mastócitos na região. A degradação dessas células vai causar uma vontade de coçar a região ainda mais. Por isso, o paciente deve eliminar as causas da coceira. O primordial para evitar a vontade de coçar os olhos é não ter contato com produtos que causem alergia”, explica a médica. Fonte: Blog Casa Saudável.