Por enquanto a notícia está na fase de negociação, mas na audiência pública que aconteceu ontem pela manhã na Praça da Vitória, localidade de São Roque do Paraguaçu, município de Maragogipe, foi discutida a reativação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, fechado desde novembro do ano passado, e que por causa da crise política e econômica que se abateu sobre o país, provocou a demissão de mais de sete mil funcionários. Segundo informou o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial do Estado da Bahia (Sintepav). Iraílson Warneaux Cardoso, o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e a empresa japonesa Kawasaki Heavy Industries estariam interessadas em investir recursos para a conclusão das obras e reativar o estaleiro, com a garantia de que a Petrobrás dê prioridade nas encomendas de navios sondas para exploração de petróleo.
A audiência pública discutiu não só a continuidade das obras, mas também o uso do terminal marítimo como porto para receber os navios que vêm com as hélices (pás) do sistema de geração de energia eólica na Bahia, que hoje aportam no Porto de Salvador. Atualmente o Estaleiro Enseada do Paraguaçu conta com apenas 220 funcionários, entre operários de manutenção e pessoal administrativo, número este distante dos 7.200 trabalhadores que havia em novembro do ano passado. Segundo o presidente do Sintepav, as negociações estão sendo realizadas com o novo ministro das Minas e Energias, Fernando Bezerra Filho, e intermediadas pelo deputado federal Bebeto Galvão (PSB-BA), que na semana passada conseguiu formar uma comitiva integrada pelo presidente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Ricardo Alban, o presidente Enseada Indústria Naval, Fernando Barbosa , a direção do Sintepav e lideranças políticas de Maragogipe.
Negociações avançam para a conclusão da obra
Com o fechamento do estaleiro, além da demissão em massa de trabalhadores, houve enormes prejuízos para atividades econômicas dos municípios da região. Conforme explicou Iraílson Warneaux, a audiência pública de ontem, convocada pela Câmara dos Vereadores de Maragogipe, reuniu representantes dos municípios, de Nazaré, Aratuípe, Muniz Ferreira, Salinas das Margaridas, Santo Antonio de Jesus, Jaguaribe, Itaparica e Vera Cruz e Santo Antonio de Jesus, todos interessados na reativação do estaleiro e retomada das atividades econômicas. De acordo com o a assessoria do parlamentar, a comitiva fez uma apresentação ao ministro comprovando a viabilidade do projeto, além de mostrar os indicativos sobre como o empreendimento pode voltar a funcionar.
Segundo a nota, o deputado informou que “já existem parceiros para investir, principalmente fora de financiamentos públicos, restando ao governo assumir a capacidade proativa para construir a solução e manter a continuidade dos investimentos, devolvendo à indústria naval da Bahia a sua condição de geradora de emprego, renda, tributos, bens e serviços”. As obras do Estaleiro Paraguaçu estão com aproximadamente 82% concluídas, mas foram paralisadas por completo no final do ano passado. No início deste ano, uma das sócias do empreendimento, a Kawasaki Heavy divulgou uma nota em que acusava um prejuízo de 22,1 bilhões de ienes (cerca de R$ 750 milhões) no balanço do seu terceiro trimestre fiscal, relativa à participação de 30% da empresa na Enseada Indústria Naval.
Fieb afirma que o equipamento é vital para a economia baiana
Num momento em que a Bahia e Salvador apresentaram os maiores índices de desemprego no mês passado, segundo os dados apresentados na Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar do IBGE (PNAD), a possibilidade de reativação do Estaleiro Enseada do Paraguaçu foi bem recebida pela Federação das Indústrias do estado da Bahia (Fieb). O primeiro vice-presidente da instituição, Carlos Henrique Jorge Gantois, disse que independente das disputas políticas e partidárias e dos cortes necessários no custeio da máquina pública federal, “investimentos estratégicos e estruturantes para a economia baiana não podem sofrer solução de continuidade. E o estaleiro de Paraguaçu é um deles”, disse.
Ainda segundo Gantois, além da geração de emprego, o estaleiro vai proporcionar uma alavancagem de atividades correlatas no comércio e serviços dos municípios da região, além de incentivar de forma direta e indireta a indústria metal mecânica e naval em todo o Estado. O superintendente de Desenvolvimento Industrial da Fieb, Marcos Verhane disse que por enquanto a instituição ainda não tem informações sobre uma possível negociação que envolva a retomada do estaleiro Enseada do Paraguaçu, mas adiantou que há uma expectativa no meio industrial de que a obra seja retomada;. “Trata-se de uma atividade multiplicadora de mão-de-obra e vital para a região”, disse.
Anunciado em 2012 com um investimento inicial previsto de R$ 2,7 bilhões, o Estaleiro localizado às margens do Rio Paraguaçu, no município de Maragogipe, representa o maior empreendimento da Bahia nos últimos 10 anos, e um dos maiores da indústria naval da América Latina. O empreendimento teve a participação da empresa japonesa Kawasaki, e as empreiteiras OAS, Odebrecht e UTC. Fonte: Tribuna da Bahia.