A indústria do aço vive a pior crise de sua história, segundo números apresentados nesta quarta-feira pelo Instituto do Aço. Impactado pela crise econômica que derrubou a atividade de seus principais clientes, o setor estima para o primeiro semestre deste ano a demissão de 11,3 mil pessoas e fechamento de 23 unidades produtivas. Até dezembro, a entidade prevê redução na produção do aço bruto de 6,8% e queda nas vendas internas da ordem de 10%. As projeções foram revisadas para baixo. Em fevereiro, o Instituto projetava queda de 1% na produção e de 4,1% nas vendas.
Ainda de acordo com a entidade, o consumo aparente da liga nos primeiros cinco meses de 2016 caiu 35,4% sobre o mesmo período do ano passado. Dos 14 alto-fornos instalados no país, 5 estão parados. A fraqueza na demanda fez o setor adiar cerca de US$ 2,9 bilhões em investimentos previstos para os próximos anos. Para Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto do Aço, não há no horizonte uma perspectiva de melhoria do cenário até o fim de 2017, sobretudo pelo cenário interno. Segundo ele, é preciso haver uma retomada do Reintegra para auxiliar no aumento das exportações.
As prioridades (do novo governo) são tão grandes para organizar a casa, por exemplo, fazer o ajuste fiscal, e não há nada que sinalize um crescimento de PIB, que está ligado umbilicalmente com o aço, afirmou Lopes.
A entidade já se reuniu com alguns ministros do novo governo e também com o presidente interino Michel Temer semanas antes de ele assumir o cargo. Benjamin Baptista Filho, conselheiro do Instituto do Aço e presidente da Arcelor Mittal, disse que tanto os ministros quanto Temer se “sensibilizaram” com a situação apresentada.
Conversamos com membros do governo referendando e reafirmando os pleitos que estamos precisando. A retomada do consumo doméstico vai demorar muito tempo, explicou Baptista. Perguntados sobre se esperam algum incentivo do governo, tanto Baptista quanto Lopes disseram que não. Não queremos incentivo, queremos isonomia para conseguir competir internacionalmente. O Reintegra, que é que pedimos, é só compensação de resíduo tributário não um incentivo, detalhou Lopes. A falta de esperança com o cenário interno é justificado pela retração no primeiro trimestre de 23% da produção dos três setores (construção civil, bens de capital e automotivo) responsáveis por 80% do consumo de aço. Fonte: Jornal O Globo.