Enquanto a dieta restringe alimentos para levar à perda de peso, a reeducação muda hábitos e tem como foco a nutrição correta
"Você é o que você come" é um velho ditado que ganhou um significado especial nesses tempos de correria e dificuldades para se alimentar bem.
Fast foods e produtos industrializados, alternativas práticas e ocasionais para driblar a falta de tempo, se tornaram, em muitos casos, regra no café da manhã, almoço e jantar. Esse hábito pode levar ao excesso de peso e, em seguida, a uma busca desesperada por dietas e restrições.
Para os especialistas em nutrição, no entanto, as dietas, sozinhas, raramente surtem o efeito desejado. A reeducação alimentar é o caminho correto para emagrecer ou se manter em forma de uma maneira saudável.
A diferença entre dieta e reeducação alimentar é que, enquanto a primeira tem data para começar e acabar e pode levar ao efeito de perda e ganho de peso, a segunda se torna parte do cotidiano e ajuda o organismo a se equilibrar utilizando "combustíveis" de melhor qualidade nutricional.
Emagrecer muito com uma dieta e depois recuperar o peso perdido é comum, segundo a nutricionista Gisela Savioli, porque dietas pobres em nutrientes fazem o cérebro entrar em estresse por falta de glicose, o que leva o organismo a perder massa muscular e a reter gordura como "reserva" contra a desnutrição.
"O nosso corpo acha que estamos na era paleolítica, então entende a falta de nutrientes como período de escassez e guarda a gordura para se proteger. Porém, a cada vez que isso acontece, ele guarda um pouquinho a mais nessa reserva, então, além de ganhar de volta o peso que perdeu, a pessoa, quando termina a dieta, tende a ganhar alguns quilos a mais do que tinha antes", explica.
A especialista lembra que é muito comum encontrar pessoas que estejam acima do peso, mas desnutridas. Isso porque comer muito é diferente de comer levando em conta a variedade nutricional que o corpo precisa para ter energia e se renovar.
"Precisamos de matéria-prima de 44 nutrientes diferentes para trocar 50 milhões de células todos os dias", afirma Gisela. Onde encontrar esses nutrientes? Na própria natureza.
Dia de feira
O aparecimento de doenças de origem genética pode ocorrer em 20% dos casos por influência apenas dos genes e em 80% em função do meio ambiente, o que inclui hábitos de vida como alimentação.
Isso quer dizer que, além de ser importante para sustentar o corpo, o alimento deve ser encarado como um medicamento capaz de prevenir e combater problemas de saúde, causados ou não pelo excesso de peso.
Uma dica para começar a comer corretamente é tentar substituir, ao máximo possível, os alimentos industrializados pelos alimentos mais naturais.
"O correto é comer, em todas as refeições, 'comida de verdade', que é aquela comprada na feira e que as avós costumam cozinhar", diz a nutricionista.
Algumas dicas
Ela ensina outras regras para alimentar-se bem:
- Nunca passe muito tempo sem comer, pois o cérebro funciona à base de glicose e, sem esta, entra em estresse. Se alimente com pequenas porções, de 3 em 3 horas
- Não substitua refeição por lanche e, ao consumir algum alimento entre as refeições principais, prefira os naturais como frutas, legumes, raízes, oleaginosas
- Para facilitar, sempre leve de casa lanchinhos saudáveis para comer durante o dia, nos momentos de fome. Isso evitará o consumo de tentações pouco saudáveis como doces e frituras
- Tente não repetir, por 3 dias, o mesmo alimento. Por exemplo, se comeu feijão hoje, substitua o grão por lentilha amanhã e grão de bico depois. Se comeu carne vermelha, prefira frango e peixe nos dias seguintes
A variedade de alimentos está relacionada à maior riqueza de nutrientes, que é base da reeducação alimentar, conclui Gisela.
Por: Por Aline Nogueira de Sá.