O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza nesta segunda-feira (10), em Brasília, seu 6º Congresso Nacional, para celebrar os 30 anos do principal movimento camponês do país. A abertura do evento pela manhã, na Esplanada dos Ministérios, foi marcada por críticas ao ritmo da reforma agrária do país. Para o porta-voz do MST, Alexandre Conceição, há falhas na atuação dos três Poderes. "A reforma agrária nunca esteve tão paralisada, há uma conjuntura muito difícil. (...). O poder Judiciário, que hoje tem mais de 900 mil hectares nas gavetas, em ações, poderia estar desapropriando e fazendo a reforma agrária, e o Judiciário deixa quieto, parado, um entrave para a reforma agrária. E, claro, o poder Executivo, que desacelerou completamente a reforma agrária. E o Parlamento, que tem 170 deputados ruralistas, e essa bancada ruralista é contrária à reforma agrária", afirmou. De acordo com dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nos últimos três anos foram assentadas cerca de 75,2 mil famílias. Em 2013, foram assentadas 30,2 mil famílias, 23,07 mil, em 2012, e 22,02 mil, em 2011. Os dados, porém, mostram que nos governos anteriores, o número de famílias assentadas e de desapropriações era maior (veja abaixo). Na avaliação de Conceição, o governo federal, nos últimos anos, "resolveu" conflitos entre sem terras e donos de terras, mas não criou programa específico para o tema. "Nos últimos anos não teve nada voltado para a reforma agrária clássica, massiva, o que houve foram políticas agrárias, para resolver problema de conflito. (...) Os governos passados só resolveram conflito, mas não fizeram programa de reforma agrária", disse. Em entrevista à imprensa, Conceição também reivindicou condições melhores para os novos assentados começarem a produzir nas terras. "Reforma agrária não é só distribuir terra, é a distribuição com programa de assistência técnica, de distribuição de semente, agroindústria, infraestrutura, onde essas políticas possam avançar e o interior do país se desenvolva. Se a gente quer resolver problemas nas grandes cidades do Brasil, a reforma agrária é uma das soluções", disse o porta-voz. (G1)