Com uma extensão de 11,7 km e um investimento de aproximadamente R$ 7
bilhões, a ponte Salvador-Itaparica, que teve o projeto anunciado em
2011, pode estar perto de sair do papel. Nesta segunda,25, será dado o
que pode ser considerado o pontapé inicial para a construção do
empreendimento: quatro municípios que serão impactados com a obra
firmarão acordo de cooperação técnica com o governo do Estado.
A assinatura do documento se dará em um encontro, às 9h, na sede da
Governadoria, com os prefeitos de Salvador, Vera Cruz, Itaparica e
Jaguaripe, o governador Jaques Wagner e o secretário de Planejamento do
Estado da Bahia (Seplan), José Sérgio Gabrielli.
O documento terá vigência de dois anos e deverá facilitar os estudos de
elaboração do Plano de Desenvolvimento Socioeconômico da Macroárea de
Influência da ponte. De acordo com o secretário de Planejamento, José
Sérgio Gabrielli, farão parte do plano o modelo econômico-financeiro,
projetos de engenharia, estudos de impactos ambientais e culturais, além
dos estudos de impacto de vizinhança.
"A partir desse acordo, serão criados grupos de trabalho para que cada
localidade elabore um estudo detalhado sobre o empreendimento. A
construção da ponte deve impactar de forma diferente em cada município,
por isso os contratos são diferenciados e foram elaborados levando em
consideração as particularidades de cada município envolvido", afirmou.
A assinatura do contrato está prevista no cronograma de ações elaborado
pela Seplan, que já indica para o primeiro semestre deste ano a
contratação da consultoria para elaboração dos estudos técnicos. Os
estudos englobam a estratégia de desenvolvimento econômico-financeira da
concessão da ponte, plano de desenvolvimento imobiliário ordenado e
estudos preliminares de engenharia.
Projeto - "Até o final de março, devem ser iniciados
os processos de licitação dos estudos de modelagem econômica,
societária, além da discussão das agendas para serem desdobradas com os
municípios", explicou Gabrielli.
A ponte Salvador-Itaparica será a segunda maior da América Latina,
menor apenas que a ponte Rio-Niterói, no Rio de Janeiro, que mede 13,3
quilômetros. Em um ranking mundial de pontes sobre mar, rio e baía, o
empreendimento baiano ocupará a 23ª posição.
Com seis faixas de tráfego e duas pistas de acostamento, a ponte compõe
o projeto do Sistema Viário Oeste (SVO), cujo objetivo é criar um novo
dinamismo no eixo litorâneo sul, permitindo o surgimento de um novo
polo industrial e logístico na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Idealizada como uma obra moderna, o projeto da ponte é considerado como
"gigante" para arquitetos e urbanistas e tem trazido à tona discussões
sobre os impactos econômicos, sociais e, sobretudo, ambientais.
Na opinião do arquiteto e urbanista Francisco Senna, a construção da
ponte não é a maneira mais sustentável para facilitar o acesso aos
municípios do Recôncavo e do oeste do Estado.
A alternativa, de acordo com Senna, seria a construção de uma estrada, às bordas da Baía de Todos-os-Santos.
"A possibilidade da construção de uma estrada deveria ser levada em
consideração e discutida. Seria uma solução mais barata e menos
agressiva ao meio ambiente", opinou.
O arquiteto acredita que os impactos causados pela construção da ponte
tanto ao mar, quanto em Itaparica e municípios próximos serão
irreversíveis. "A região, conhecida pela paisagem bucólica, será
transformada em zona urbana, em um bairro como outro qualquer de
Salvador. Pode, ainda, aumentar a especulação imobiliária e destruir o
verde. Itaparica perderá todo o sentido que representa para o Estado",
completou.
Segundo Gabrielli, os impactos ambientais serão mínimos. Além disso,
garante, a ponte será formulada de acordo com a paisagem da Baía de
Todos-os-Santos.
"Será um empreendimento que terá o mínimo impacto visual possível, em
harmonia com a paisagem já existente da baía. Vamos fazer um estudo
detalhado. Eu não acredito que o impacto ambiental seja grande",
afirmou.